O trabalho se resume na questão da migração
nordestina em São Paulo e o retorno às cidades de origem. Como transformar
essas cidades para que recebam os esses deslocamentos da maneira digna, tendo o
intuito também de fazer com que o cidadão crie vínculo com o lugar, saindo
dessa condição de permanente provisório que tem por exemplo a favela, e ainda
possibilitando a escolha de qual cidade se quer morar, não por necessidade, mas
por desejo.
Através de entrevistas com moradores na favela
de Tiquatira, Itaquera-SP, verificou-se que as cidades de origem eram em sua
maioria situadas no sertão brasileiro, isto quer dizer, que vinham do interior
do Norte/Nordeste do Brasil. O impressionante foi que se constatou que uma
grande parte dos entrevistados voltaria para sua cidade de origem, pois veio
para São Paulo por necessidade. Em muitos casos, a pessoa tinha planos
concretos de voltar, alguns deles já a poucos dias ou meses antes da partida
certa para o Nordeste, onde tentariam a vida novamente. Os destinos também eram
para as cidades de origem, mas muitas vezes para outras um pouco maiores, com
mais infraestrutura e eventualmente com mais garantias de trabalho. Foram
abordados também as questões dos motivos de idas e voltas, das diferenças da
vida daqui e da cidade de onde vieram, dos costumes mantidos ou não ao longo
das gerações já nascidas em São Paulo.
A partir deste link teórico, verificado na prática, foram desenvolvidos dois
trabalhos: o projeto Tiquatira e o projeto no sertão da Bahia, em que cinco
cidades de origem do moradores de Tiquatira foram escolhidas como estudo de
caso para se pensar nas condições do sertão e nas potencialidades econômicas da
região, que possibilitariam uma rede entre elas.
A idéia é criar um sistema econômico entre
essas cidades (e possivelmente outras) para que elas se alto sustentem e dêem
condição do cidadão escolher onde quer morar,
em sua cidade ou qualquer outra, mesmo em São Paulo. Isso porque
geralmente as pessoas “voltam” para cidades médias e não necessariamente para
cidades de origem, que são menores e não têm tanta infraestrutura.
A cidade de Xique Xique foi escolhida como foco do estudo, em que
dentro dessa rede, se pensará em como dentro de um Plano Diretor (que
atualmente é inexistente na cidade) serão estimuladas as atividades
socio-econômicas e culturais do município. Também, em se tratando de um projeto
deste caráter arquitetônico e urbanístico, deve-se pensar em diretrizes para o
crescimento da cidade e o controle do mesmo, já que este movimento de retorno
foi constatado. Este
desenvolvimento da cidade vai prever zoneamentos, estruturas urbanas, e
equipamentos/edifícações que organizariam a atividade produtiva da cidade,
ligados a pesca, a agricultura e até mesmo o turismo. Deve-se conscientizar a população
neste processo sobre o valor da cultura e do local de onde vem suas raízes.
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